Talvez este tema seja algo que a maioria não faz a mínima ideia do que se trata, pois é pouco falado em nossa Igreja nos tempos modernos, esse ensinamento tem se perdido em nossas catequeses, falamos muito pouco das realidades pós-morte do ser humano, mas de inicio, podemos dizer que Novíssimos é o destino que espera ao homem no fim da vida: a morte, o juízo, o destino eterno: o céu ou o inferno.
O estudo dos Novíssimos também é conhecido como Escatologia individual, pois trata exclusivamente do estudo individual do destino das almas após a morte, diferenciando-se assim da Escatologia coletiva, que visa estudar os últimos acontecimentos relativos a toda a humanidade, segundo a mesma visão cristã. O termo "Novíssimos" é de origem bíblica, e pode ser encontrado no livro do Eclesiástico (também conhecido como Sirac), presente nos dias de hoje apenas nas edições católicas da Bíblia: “Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e jamais pecarás”. (Eclo 7,40)
Visto um pouco desta introdução, vamos aos sem delongas ao estudo e entender est parte da doutrina.
Visto um pouco desta introdução, vamos aos sem delongas ao estudo e entender est parte da doutrina.
Novíssimos do Homem
Os novíssimos são compostos por quatro realidades eternas:
A Morte;
O Juízo;
O Paraíso;
O Inferno.
“O que está preparado para morrer não receia a morte, qualquer que seja, ainda que venha de improviso”. (Sto Agostinho)
A MORTE E SUA ORIGEM
A morte, na atual ordem de salvação, é consequência primitiva do pecado. O Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), ensina:
"Se alguém não confessa que o primeiro homem, Adão, ao transgredir o mandamento de Deus no paraíso, perdeu imediatamente a Santidade e Justiça em que havia sido constituído e incorreu por ofensa (...) na morte com que Deus antes havia amenizado (...) que toda pessoa de Adão foi mudada para pior, seja excomungado."
Ainda que o homem seja mortal por natureza, já que seu ser é composto de partes distintas, por Revelação sabemos que Deus dotou o homem, no Paraíso, do Dom pré-natural da imortalidade do corpo. Mas, por castigo, ao quebrar a ordem Divina, ficou condenado a morrer.
Sagradas Escrituras:
Gn 2,17: "Adão havia sido ameaçado: 'O dia que comeres daquele fruto, morrerás...'".
Rm 5,12: "Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte...".
São João da Cruz fala do juízo particular de cada um dizendo que «ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor».
O que se segue da morte? - "Está estabelecido para os homens que morram uma só vez, e depois segue o juízo" (Hb 9,27)
O Juízo - Particular
Durante a vida, o homem tem um tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo A morte põe fim a este tempo. Quando o homem morre, ele parte deste mundo e entra na eternidade Haverá, então, o Juízo Particular (que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja através de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre") (CIC pág 246), imediatamente depois da morte, em função das obras e da fé de cada um. Neste momento, o homem recebe na sua alma imortal, a retribuição eterna daquilo que praticou em vida, sendo definido de sua alma vai para o Céu, Purgatório ou Inferno.
Não há uma ação violenta de Deus, mas simplesmente a alma terá plena consciência do que foi sua vida terrestre, e, assim, seguirá para junto de Deus (Céu), para longe da presença de Deus (Inferno) ou ainda para um estágio de purificação (Purgatório).
No Novo Testamento, encontramos textos que fazem referência ao último destino da alma, que pode ser diferente para uns e outros; como por exemplo, na parábola do pobre Lázaro (Lc 16,22-23), e nas palavras de Cristo na cruz ao bom ladrão (Lc 23,43) e, ainda (2Cor 5,8; Fl 1,23; Hb 9,27) falam, de um destino último da alma (Mt 16,26).
O Juízo – Universal
O Juízo Universal ou Final acontecerá por ocasião da vinda gloriosa de Cristo (Parusia). Somente o Pai sabe o dia e a hora em que esse Juízo acontecerá. Ele será precedido pela ressurreição de todos os mortos, dos justos e dos injustos (At 24,15). "Será a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação" (Jo 5,28-29).
Então, Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt 25,31-3346).
Neste Juízo será revelado até as últimas consequências o que cada um tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida terrestre Diante de Cristo, que é a verdade, será desvendada definitivamente a verdade sobre a relação de cada homem com Deus (CIC, § 1039). Sendo assim, toda a humanidade será submetida ao grande julgamento de Deus.
O Juízo – Final
Revelará que a justiça é maior que de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte do que a morte. "A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens 'o tempo favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor a Deus. "Compromete com a justiça do Reino de Deus e Anuncia a 'bem-aventurança, esperança" (Tt 2,13) da volta do Senhor, que "virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na pessoa de todos aqueles que crerem' (2Ts 1,10)" (CIC, §1041).
O PURGATÓRIO
As almas dos justos que no instante da morte estão agravadas por pecados veniais ou por penas temporais devidas pelo pecado vão ao Purgatório. O Purgatório é estado lugar de purificação. O II Concílio de Lion (1274), sob Papa Gregório X (1271-1276), afirma:
"As almas que partiram deste mundo em caridade com Deus, com verdadeiro arrependimento de seus pecados, antes de ter satisfeito com verdadeiros frutos de penitência por seus pecados de atos e omissão, são purificadas depois da morte com as penas do purgatório..." (Dz. 464).
Sagradas Escrituras:
Ensinam indiretamente a existência do Purgatório concedendo a possibilidade da purificação na vida futura.
Os judeus oraram pelos caídos, com os quais se haviam encontrado objetos consagrados aos ídolos, afim de que o Senhor perdoasse seus pecados: "Por isso, mandou fazer este sacrifício expiatório em favor dos mortos para que ficassem liberados do pecado..." (2Mc 12,46).
"Quem falar contra o Espirito Santo não será perdoado nem neste tempo nem no vindouro...".
Para São Gregório Magno, esta última frase indica que as culpas podem ser perdoadas neste mundo e também no futuro.
A existência do Purgatório se prova especulativamente pela Santidade e Justiça de Deus. Esta exige que apenas as almas completamente purificada sejam exibidas no Céu; Sua Justiça reclama que sejam pagos os restos de penas pendentes, e, por outro lado, proíbe que as almas unidas em caridade com Deus sejam atiradas ao Inferno. Por isso, se admite um estado lugar intermediário que purifique e de duração limitada.
O CÉU (PARAÍSO)
As almas dos justos que no instante da morte se acham livres de toda culpa e pena de pecado entram no Céu. Papa Benedito XII (1334-1342), pela Constituição "Benedictus Deus", de 29 de Janeiro de 1336, proclama:
"Por esta constituição que há de valer para sempre e por autoridade apostólica definimos (...) que, segundo a ordenação de Deus, as almas completamente purificadas entram no Céu e contemplam imediatamente a Essência divina, vendo-A face a face, pois a referida Divina essência lhes é manifestada imediata e abertamente, de maneira clara e sem véus, e as almas em virtude dessa visão e esse gozo, são verdadeiramente ditosas e terão vida eterna e eterno descanso" (Dz. 530).
Também o Símbolo apostólico declara: "Creio na vida eterna" (Dz. 6 e 9).
Sagradas Escrituras:
Jesus representa a felicidade do Céu sob a imagem de um banquete de bodas: "... enquanto iam comprá-lo, chegou o noivo, e as que estavam preparadas entraram com o noivo ao banquete de boda, e a porta foi fechada" (Mt. 25,10). A condição para alcançar a vida eterna é conhecer a Deus e a Cristo: "Esta é a vida eterna, que te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro e a Teu enviado Jesus Cristo." (Jo 17,3). "Bem-aventurados os limpos de coração porque eles verão a Deus." (Mt 5,8). "Nem o olho viu e nem o ouvido ouviu segundo a inteligência humana, o que Deus preparou para os que O amam." (1Cor 2,9). A vida eterna consiste na visão de Deus: "Seremos semelhantes a Ele porque O veremos tal qual é..." (Jo 5,13).
Os atos que integram a felicidade celestial são de entendimento, e este, por um Dom sobrenatural "lumen gloriae", é capacitado para o ato da visão de Deus (Sl 35,10; Ap 22,5) de amor e gozo.
O INFERNO
As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão ao Inferno. Papa Benedito XII (1334-1342), na Constituição "Benedictus Deus", de 29 de janeiro de 1336, declara:
"Segundo a comum ordenação de Deus, as almas dos que morrem em pecado mortal, imediatamente depois da morte, baixam ao inferno, onde são atormentadas com suplícios infernais." (Dz. 531).
O Inferno é um lugar de eterno sofrimento, onde se acham as almas dos réprobos. Negam a existência do Inferno aqueles que não acreditam na imortalidade pessoal (materialismo).
Sagradas Escrituras:
Jesus ameaça com o castigo do Inferno: "Se teu olho direito é causa de pecado, retira-o e afasta-o de ti; muito mais te convém que percas um de teus membros do que tenhas todo o corpo jogado na Geena..." (Mt 5,29).
"E não temais aos que matam o corpo e não podem atingir a alma; temais bem mais àquele que podem levar a alma e o corpo à perdição, destinando-os à Geena..." (Mt 10,28).
"Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que percorreis mar e terra para fazer um prosélito, e quando chegais a fazê-lo, o fazeis filho da condenação ao dobro de vós mesmos!" (Mt 23,15).
Trata-se de fogo eterno: "Então dirá também aos de sua esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, ao fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos...'" (Mt 25,41).
E de suplício eterno: "E irão estes a um castigo eterno, e os justos a uma vida eterna." (Mt 25,46).
São Paulo, em 2Ts 1,9, afirma: "Serão castigados à eterna ruína, longe da face do Senhor e da glória de Seu poder..."
São Justino, funda o castigo do Inferno na ideia da Justiça Divina, a qual não pode deixar impune aos transgressores da Lei.
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